domingo, janeiro 11, 2009

CDUL - 48; Técnico - 09




Introdução:

Um início de tarde bastante fresco em Lisboa, mas mesmo assim fui até ao Estádio Universitário de Lisboa para assistir a último jogo da 10ª Jornada, o CDUL vs Técnico. Esperava-se uma vitória do CDUL, mas com boa réplica do Técnico já que esta última está numa fase ascendente e tinha feito uma grande partida contra o Direito. Mas não foi bem isso que aconteceu com o CDUL a não ter que se esforçar muito para levar os 4 pontos mais o ponto extra, já que marcou mais de 4 ensaios.

O CDUL iniciou a partida da melhor maneira possível e logo no 1º minuto do jogo conseguiu chegar ao ensaio graças a uma bola ganha no meio campo, depois de um pontapé feito pelo seu “arriere”. A reacção do adversário foi rápida mas muito desorganizada e displicente e o CDUL aproveitou para marcar mais dois ensaios em apenas 5 minutos com culpas claras para a defesa do Técnico, mas também houve mérito dos homens da casa que souberam aproveitar esses brindes. Aos 8 minutos o CDUL já tinha marcado 3 ensaios e estava portanto a 1 de obter o ponto bónus. O Técnico entretanto acordou do pesadelo e equilibrou a partida. O CDUL sentia muitas dificuldades na 1ª linha, nas melee’s eram notórias essas dificuldades, mas graças à sua boa defesa e à falta de eficácia no ataque do adversário o CDUL ia aguentando o jogo e apenas sofreria 6 pontos graças a duas penalidades aos postes convertidas pelo Técnico. O CDUL iria ter menos posse de bola até ao final da 1ª Parte, mas conseguia na maior parte das vezes defender em cima da linha do meio campo. Por outro lado os homens da casa cometiam alguns erros no ataque e a prova disso foram algumas bolas perdidas, algumas nos “22” do adversário e algumas no seu meio campo. O jogo não era bonito pois os erros eram constantes tanto de um lado como do outro. Até ao intervalo o CDUL não iria marcar mais pontos e iria passar a maior parte do tempo no seu meio campo a defender, mas sempre com grande segurança. Na 2ª Parte o CDUL entrou com uma mentalidade diferente e com a mesma eficácia no ataque já que aos 46 minutos iria aproveitar mais uma falha na defesa do adversário para marcar o 4º ensaio da partida. Começaram a sentir menos dificuldades nas “melee’s” e embora tivessem menos posse de bola, conseguiam por vezes ter o domínio territorial. A partir dos 65 minutos o CDUL iria ter o seu melhor período em termos de domínio de jogo e de posse de bola, que coincidiu também com a quebra física e psicológica do Técnico. Em 10 minutos aproximadamente o CDUL viria a marcar mais 3 ensaios, com especial destaque para o nº12, que esteve muito bem nas manobras ofensivas e esteve presente nesses 3 ensaios, aos 67, 75 e 78 minutos. De referir que o CDUL ganhou 12 “Touches” num total de 15 “Touches” introduzidas (80,00%) ganhou por 4 vezes a bola nos seus “22” (2 na 1ª Parte e 2 na 2ª Parte) e das 77 placagens efectuadas, falhou 5, enquanto que 72 foram bem sucedidas (93,51%).

O Técnico entrou completamente “fora do jogo” com erros sucessivos e acima de tudo com a ligação entre o médio de formação e o médio de abertura a não funcionar mostrando fortes debilidades. O homens das Olaias até estavam a conseguir ter o domínio territorial e a posse da bola, mas sofreram 3 ensaios em apenas 8 minutos, muito por culpa sua, embora não possamos tirar o mérito aos homens da casa que souberam “ler” as fragilidades do adversário. As linhas atrasadas eram lentas a sair para o ataque e acima de tudo estavam muito desunidas e isoladas no transporte da bola. Contudo com o andar do jogo o Técnico conseguiu corrigir alguns desses aspectos e foi progredindo no terreno tendo até oportunidades para marcar ensaio, mas graças a jogadas menos bem conseguidas e a uma defesa sólida do CDUL, o Técnico decidiu por tentar os postes já que chegar à linha de ensaio não estava a ser de todo fácil. Nos Avançados o Técnico provocava muitas dificuldades à 1ª linha do CDUL, mas não era rápida nos “rucks” e como tal a saída para o ataque era lenta e denunciada. Mas as saídas do Avançados eram talvez a única solução para a progressão no terreno, já que as dificuldades do CDUL eram notórias e por vezes eram obrigados a cometer faltas, mas o Técnico insistia em sair com o jogo para as linhas atrasadas. O intervalo chegava com os visitantes no meio campo do adversário, mas não demonstravam grande solidez atacante. Na 2ª Parte o Técnico voltaria a cometer os mesmos erros e logo nos primeiros minutos viria a sofrer novo ensaio com as linhas atrasadas a falharem algumas placagens. Os índices físicos começar a descer e embora tivessem mais posse de bola, o domínio territorial não era conseguido. Por outro lado os jogadores eram lentos em chegar ao homem que transportava a bola e o CDUL conseguia com isso alguns “turn over’s”. Nos últimos minutos da partida o Técnico desistiu do jogo, falhou algumas placagens e sofreu 3 ensaios, muito consentidos. De referir que o Técnico ganhou 7 “Touches” num total de 10 “Touches” introduzidas (70,00%), ganhou por 3 vezes a bola nos seus “22” (todas na 1ª Parte) e das 50 placagens efectuadas falhou 10, enquanto que 40 foram bem sucedidas (80,00%).



Minuto a Minuto:

Inicio do Jogo: 14h00


1 Minuto - Ensaio e Pontapé Convertido - CDUL
3 Minutos - Ensaio e Pontapé Convertido - CDUL
8 Minutos - Ensaio e Pontapé Convertido - CDUL
18 Minutos - Penalidade Postes e Pontapé Convertido - Técnico
27 Minutos - Tentativa Drop Goal - CDUL
35 Minutos - Penalidade Postes e Pontapé Convertido - Técnico

Fim da 1ª Parte: 14h42
Resultado da 1ª Parte: CDUL - 21; Técnico - 06

Inicio da 2ª Parte: 14h47

46 Minutos - Ensaio e Pontapé Convertido - CDUL
50 Minutos - Penalidade Postes e Pontapé Convertido - Técnico
55 Minutos - Penalidade Postes e Pontapé Convertido - CDUL
58 Minutos - Cartão Amarelo - Técnico
67 Minutos - Ensaio e Pontapé Não Convertido - CDUL
75 Minutos - Ensaio e Pontapé Não Convertido - CDUL
78 Minutos - Ensaio e Pontapé Convertido - CDUL

Fim do Jogo: 15h31
Resultado da 2ª Parte: CDUL - 27; Técnico - 03
Resultado Final: CDUL - 48; Técnico - 09


Estatística:


% - CDUL - Geral - TÉCNICO - %
48 - Resultado - 9
7 - Ensaios - 0
5 - Conversões - 0
1 - Penalidades "Postes" - 3
0 - Drop Goal - 0
43,75% - 21 - 1ª Parte - 6 - 66,67%
56,25% - 27 - 2ª Parte - 3 - 33,33%

TOTAL

% - CDUL - Situações de Jogo - TÉCNICO - %
75,00% - 6 - "Melee Ganhas" - 16 - 100,00%
25,00% - 2 - "Melee Perdidas" - 0 - 0,00%
80,00% - 12 - "Touches" Ganhas - 7 - 70,00%
20,00% - 3 - "Touches Perdidas" - 3 - 30,00%
8 - Penalidades Obtidas * - 15
12,50% - 1 - Penalidade "à Mão" - 5 - 33,33%
75,00% - 6 - Penalidade "à Touche" - 6 - 40,00%
12,50% - 1 - Penalidade "Postes" - 3 - 20,00%
0 - "Mauls" Ganhos - 0
36 - "Ruck's Ganhos - 65
93,51% - 72 - Placagens bem sucedidas - 40 - 80,00%
6,49% - 5 - Placagens falhadas - 10 - 20,00%
8 - "Turn Overs" - 4
17 - Erros - 8
11 - Linha da Vantagem "ultrapassada" - 3
0,00% - 0 - Fases Estásticas - 0 - 0,00%
100,00% - 11 - Restantes - 3 - 100,00%
1 - Bola Perdida "22" - 1
4 - Bola Ganha "22" - 3

*1 - Melee
1ª Parte

% - CDUL - Situações de Jogo - TÉCNICO - %
50,00% - 1 - "Melee Ganhas" - 10 - 100,00%
50,00% - 1 - "Melee Perdidas" - 0 - 0,00%
77,78% - 7 - "Touches" Ganhas - 3 - 60,00%
22,22% - 2 - "Touches Perdidas" - 2 - 40,00%
4 - Penalidades Obtidas - 7
0,00% - 0 - Penalidade "à Mão" - 0 - 0,00%
100,00% - 4 - Penalidade "à Touche" - 4 - 57,14%
0,00% - 0 - Penalidade "Postes" - 2 - 28,57%
0 - "Mauls" Ganhos - 0
17 - "Ruck's Ganhos - 26
93,10% - 27 - Placagens bem sucedidas - 18 - 90,00%
6,90% - 2 - Placagens falhadas - 2 - 10,00%
3 - "Turn Overs" - 3
9 - Erros - 1
3 - Linha da Vantagem "ultrapassada" - 1
0,00% - 0 - Fases Estásticas - 0 - 0,00%
100,00% - 3 - Restantes - 1 - 100,00%
1 - Bola Perdida "22" - 0
2 - Bola Ganha "22" - 3
*1 - Melee

2ª Parte
% - CDUL - Situações de Jogo - TÉCNICO - %
83,33% - 5 - "Melee Ganhas" - 6 - 100,00%
16,67% - 1 - "Melee Perdidas" - 0 - 0,00%
83,33% - 5 - "Touches" Ganhas - 4 - 80,00%
16,67% - 1 - "Touches Perdidas" - 1 - 20,00%
4 - Penalidades Obtidas - 8
25,00% - 1 - Penalidade "à Mão" - 5 - 62,50%
50,00% - 2 - Penalidade "à Touche" - 2 - 25,00%
25,00% - 1 - Penalidade "Postes" - 1 - 12,50%
0 - "Mauls" Ganhos - 0
19 - "Ruck's Ganhos - 39
93,75% - 45 - Placagens bem sucedidas - 22 - 73,33%
6,25% - 3 - Placagens falhadas - 8 - 26,67%
5 - "Turn Overs" - 1
8 - Erros - 7
8 - Linha da Vantagem "ultrapassada" - 2
0,00% - 0 - Fases Estásticas - 0 - 0,00%
100,00% - 8 - Restantes - 2 - 100,00%
0 - Bola Perdida "22" - 1
2 - Bola Ganha "22" - 0
Outros Resultados:
Belenenses - 74; Cascais - 22
CDUP - 09; Agronomia - 36

7 comentários:

Anónimo disse...

Afinal o Setubal Académica sempre foi adiado por uma declaração falsa do médico do Setubal. Se estavam 12 jogadores impedidos de jogar , o Setubal ainda tinha para jogar 25 jogadores já que tem 37 jogadores inscritos. A declaração médica que obviamente É FALSA, nem sequer indica o nome dos atletas IMPEDIDOS de jogar. Esperemos que a Federação actue, abrindo um inquérito aos médicos futebolistas que começam a chegar ao rugby.

Anónimo disse...

De realçar o deplorável comportamento dos n.ºs 4, 6 e 8 do técnico.
Enfim, quando falta em qualidade de rugby tem de se recorrer a outros meios...
Pena que estes nem sempre funcionem.
O cúmulo é o n.º 4, na rua com cartão amarelo continuar aos gritos a dizer para darem peras porque assim é que se ganham jogos, entretanto o clube dele ia levando 30...

Anónimo disse...

Vale a pena visitar o site "Portugal tuga" para se apreciar a bronca do adiamento Setubal-Académica.

Anónimo disse...

Afinal é o site "Raguebi tuga"

Anónimo disse...

A meu ver o Tecnico perdeu o jogo, devido ao fraco desempenho dos seus 3/4s, pois não conseguiam furar, eram lentos e previsiveis e a defender houve manifesta falta de comunicação entre os centros e o ponta e arriere.
Quanto aos avançados, estiveram bem nas melees, nos pick and gos e com apoio entre eles. Relativamente a picardias têm que se controlar, nomeadamente do seu nº 6, o qual é recorrente neste tipo de atitudes. Mas também não podemos pedir muito, pois um dos seus treinadores primava por este tipo de atitudes.

Anónimo disse...

Julgo que o Técnico criou muitas expectativas para este jogo e daí a entrada desastrosa no jogo. Relativamente às picardias considero que elas não são de todo bem vindas, mas sinceramente não me parece correcto o CDUL fazer-se de vitima ofendida, pois até fica mal, "Quem nunca tiver cometido um pecado que atira a 1ª Pedra".
O CDUL ganhou bem, pois jogou melhor e foi muito eficaz no ataque. O Técnico perdeu o jogo por falta de maturidade e pelas razões apontadas pelo comentador anterior.
Mas o mais importante que eu gostava de realçar foi mais uma excelente crónica que o autor deste blogue fez, suportada pela sua análise estatística. É de facto pena que a Federação não apoie o teu trabalho e te de condições para de forma profissional acompahares o campeonato bem como a Selecção.
Mas enfim infelizmente é o que temos!

Anónimo disse...

(retirado do site da FPR)

RUGBY, UM JOGO PARA GENTE BEM-EDUCADA

Nós, gente do rugby, gostamos, mostrando o diferente que nos sentimos, de publicitar a definição do jogo no conceito "um jogo de rufias jogado por gente bem-educada" - já não por cavalheiros porque, como também sabemos, os homens não são únicos na modalidade.

E há toda uma profunda razão para o definirmos assim. Desde sempre o jogo de rugby tem uma ética própria subordinada a um conjunto de valores que se estabelecem no seu "Código do Jogo". De facto, existe toda uma maneira de estar que se pretende diferente e tradutora de uma cultura distinta em que o respeito, o "fair-play", o espírito colectivo de equipa, o companheirismo, a abnegação, a boa educação constituem algumas das componente de valores e atitudes que formatam a envolvente do jogo.

E assim sendo, é natural que possamos utilizar, com orgulho, a marca da diferença - um amigo meu, médico e frequentador internacional de estádios de futebol, viu, pela primeira vez, um jogo de rugby no França-All Blacks do centenário da FFR: não julgava possível, dizia, a confraternização permanente entre os espectadores adversários que o rodeavam. Espantado, tornou-se adepto.

Mas se pretendemos sê-lo, devemos, no mínimo, parecê-lo. E o que se passa à volta dos nossos campos em dia de jogo não pertence a este mundo edílico que pretendemos transmitir aos de fora. Espectadores, antigos jogadores na sua maioria, insultam árbitros e adversários, chamam nomes a quem bem querem e comportam-se como rufiotes numa constante demonstração arruaceira, deixando - para inglês ver - a proclamação da pretendida boa educação.

O jogo de rugby não é fácil de gerir. Os árbitros, como os jogadores, têm dificuldades na análise da sequência pela rapidez da acção e pelo número de intervenientes. Mas próximos e se pertencentes ao mesmo patamar, vêem melhor e analisam quase sempre melhor. E, na grande maioria dos casos, tomam a decisão correcta e são os espectadores que, ignorantes da Lei, protestam violentamente, impondo a emoção à razão, pressionando para que a sua cor, apesar de faltosa, deixe de ser "roubada!".

Nada deste comportamento se justifica ou ajuda o rugby português no seu desenvolvimento e progressão. Pelo contrário: desfocaliza jogadores, pressiona treinadores e árbitros de forma desadequada, retira lucidez aos intervenientes e transforma o jogo num espectáculo nada dignificante e que só diminui o campo de influência da modalidade.

Precisamos de melhorar todos os dias o rugby que se joga em Portugal. Para o que necessitamos de melhores treinadores, melhores jogadores, melhores árbitros, melhores dirigentes. Numa vontade que dispensa claramente os piores exemplos da Blood, Sweat and Beers de antanho.

E se, em vez deste comportamento trauliteiro e para começar o novo ano, fizéssemos um esforço para aprender as Leis do Jogo e a sua aplicação prática? Um esforço para que os treinadores fossem exigentes com os seus jogadores, educando-os de acordo com as Leis do Jogo; um esforço dos dirigentes para imporem o rigor das Leis do Jogo nas equipas dos seus clubes e decente comportamento aos seus adeptos; um esforço dos espectadores para que se comportassem como gente bem-educada. E se não há, como também sabemos, jogos sem árbitros e para um futuro com tudo a correr pelo melhor, porque não tentar uma parceria: criar o hábito de convidar os árbitros para se treinarem semanalmente com os diversos clubes.

Talvez assim pudéssemos fazer compreender a marca da nossa diferença: no Rugby, a vitória, sendo importante, não é o mais importante; o mais importante é poder pertencer a uma comunidade muito especial - a comunidade rugbística.

Lisboa, 1 de Janeiro de 2009

João Paulo Bessa